Por que o preço do aço subiu tanto?

Essa pergunta precisa, primeiramente, de uma breve introdução:

Desde o início de 2020 apareceram diversos sinais de alta nos preços do aço industrial e de construção civil davam indícios de alta. O aquecimento da economia mundial e principalmente da China, pressionaram o preço do minério de ferro (principal matéria prima do aço).
O preço vinha há anos em queda e pareciam finalmente estarem em um ponto de reversão, então por que o preço do aço subiu? Um imprevisto aconteceu:

O que ninguém esperava.

A pandemia, logo após o inicio do ano de 2020, trouxe incertezas ao mercado. As demandas para uso de aço e outros derivados caíram bruscamente por conta do medo generalizado. Após alguns meses, a China começou sua reabertura, enquanto o resto do mundo não. A demanda de aço e minério de ferro na China aumentou a níveis nunca vistos, por conta da economia em crescimento. Em contrapartida, a economia mundial demorou a acompanhar o ritmo chinês. Entre lockdowns e fechamentos parciais de parte da indústria, o desabastecimento de minério de ferro na China só fez o preço subir cada vez mais.
Os maiores produtores de minério de ferro do mundo – Brasil e Austrália – tiveram reduções drásticas na produção.
O Brasil por exemplo, nos primeiros 3 meses do ano passado, teve queda de 18% em relação aos mesmos 3 meses do ano de 2019.
O aço bruto no Brasil demorou a se recuperar: a produção caiu cerca de 4,90%, devido ao desligamento de alto-fornos e a demora para religá-los.
Com essa falta de oferta, no fim do ano de 2020 o preço do minério de ferro já havia subido 74%, e o aço quase dobrou de preço, subindo mais de 85%.

Ano novo, preço novo.

O ano de 2021 começou com o aço sob pressão. Além de todo o movimento nas ofertas e alta demanda oriental, a China e a Austrália estão travando uma briga comercial que está influenciando bastante no preço dos insumos provenientes do minério de ferro.
A Austrália, um dos maiores produtores de minério de ferro do mundo, ameaçou limitar a exportação de minério de ferro para a China, o que causou temor e correria na reserva de novas remessas.
Com essas tensões entre os dois países, a tonelada do vergalhão de aço chegou a níveis nunca vistos antes, custando mais de US$955 dólares, enquanto a tonelada do minério de ferro chegou perto dos US$220 dólares.

Aço hoje: nunca antes visto.

No Brasil, os preços parecem ter se estabilizado por conta de uma baixa demanda chinesa por conta da época de chuvas que o país está passando hoje. Além disso, o que mais contribuiu para estabilização atual do preço foi a queda do dólar, com movimentos do governo para aquecer a economia.
Apesar da estabilização, o preço do aço no mercado está em níveis nunca vistos antes, causando problemas na indústria de base, que tem menos poder de repasse de preços aos consumidores finais.

Aço amanhã: tensão sem previsão.

A tensão comercial entre Austrália e China não tem perspectivas, ainda mais com o andamento de investigações sobre a origem do novo CoronaVírus por parte do governo americano.
Então, por que o preço do aço subiu?

A regra ainda parece ser clara: Se houver qualquer diminuição no fornecimento de minério de ferro para China, seja por parte da Austrália, ou mais difícil, por parte do Brasil, os preços tendem a avançar mais.
Por outro lado, se houver qualquer possibilidade de freio na economia chinesa, seja com retaliações de outros países ou queda na produção industrial, os preços do aço tendem a baixar.
O futuro é, como sempre, uma incógnita.